No dia 13 de abril de 1915, em Quixeramobim (CE), nascia Ana Montenegro, primeira mulher exilada em decorrência do golpe de 64. Ana estudou Direito na UFRJ e depois se radicou na Bahia. Ana participou desde muito jovem de movimento de esquerda e tornou-se uma das mais destacadas ativistas e fundadoras da União Democrática de Mulheres da Bahia (1945), onde atuou até 1964, quando se exilou. Também participou da fundação da Federação Brasileira de Mulheres e do Comitê Feminino Pró-Democracia. Ana Montenegro filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), em 1945, ficha abonada pelo dirigente Carlos Marighella, participou da Frente Nacionalista Feminista desde meados dos anos 50 até o golpe militar em 1964. Ana depois do seu exílio passou a residir no México de onde seguiu para a Europa. De 1964 a 1979 foi membro da Comissão da América Latina pela Federação Democrática Internacional de Mulheres. Com a democratização do Brasil, volta do exílio e passa a residir em Salvador, reintegrando-se à luta feminista e, como ativa militante, foi convidada a participar do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (1985-1989). Ana Montenegro, uma guerreira que deve ser sempre lembrada pelo fato de ter dedicado sua vida à causa socialista. Uma defensora dos direitos dos trabalhadores e do povo, em especial o das mulheres. Ana Montenegro é autora dos livros Mulheres – participação nas lutas populares, Tempo de exílio e Ser ou não ser feminista. Treze de abril, Ana Montenegro merece esta singela homenagem pela sua história e lutas na defesa das causas da mulher, inclusive como uma das grandes colaboradoras na elaboração da Lei Maria da Penha. A Lei 11.340 de 07 de Agosto de 2006, “criou mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências”.
Ana Montenegro formada em Direito, residia em Salvador, é reconhecida por sua luta em defesa de sua gente e de sua terra. Com a ascensão do regime militar e da ditadura, foi a primeira mulher a ser exilada, tendo ficado fora do país por mais de quinze anos, afastada de seu lar e de sua família. Durante esse período, foi membro da Comissão da América Latina pela Federação Democrática Internacional de Mulheres (FDIM). Trabalhou, durante o exílio, em organismos internacionais, como a ONU e a UNESCO, tendo participado de congressos, conferências, e seminários pelo mundo. Foi redatora da Revista "Mulheres do Mundo Inteiro", órgão da FDIM. Militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) por mais de 50 anos, Ana lutou bravamente pelo restabelecimento da democracia no Brasil e, em consequência disso, teve a sua vida conturbada por perseguições políticas. Em 2005, junto com mais 999 mulheres, foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz.
Aos 90 anos de idade, Ana Montenegro ainda afirmava em alto e bom som "que a sua luta continua, por pão, terra e trabalho, sendo que um país que tem isso tem liberdade." Sempre afirmava que, "respeitar o povo é respeitar suas necessidades". Além do ativismo em defesa da mulher, lutou também durante muitos anos contra o racismo, com um grande trabalho junto à população negra. Escreveu, além dos inúmeros artigos e ensaios, diversas obras, dentre as quais, cuidando da questão da mulher, "Ser ou não ser feminista" e "Mulheres – Participação nas lutas populares" entre outros. Ana Montenegro, nascida em 13 de abril de 1915, faleceu em 30 de março de 2006, aos 91 anos de causas naturais. Que saudade faz Ana Montenegro, exemplo de mulher guerreira na defesa das causas sociais, das mulheres, dos menos favorecidos e dos aposentados. Parabéns Ana Montenegro pelos seus 103 anos.
ALDERICO SENA – ALDERICOSENA@GMAIL.COM – Especialista em Gestão de Pessoas